158º Poema da Semana | 19jan2016

Sou bruto, sou fera

Sou bruto, sou fera
sou fruto da terra,
um boiadeiro errante.
Peão namoradeiro
sigo tocando meu berrante.

No pelo ou na cela,
sou bruto, sou fera,
sou fruto da terra.
De peão de ponteiro
eu não corcoveio.

No terreiro ou tulha,
se tiver sanfona e viola,
levanto poeira de um jeito matreiro.
Quero um abraço e um beijo,
galã de rodeio, peão boiadeiro.

Moreninha, lourinha,
não faço rodeio,
chego logo no meio.
Bonitinha, faceira,
quero ficar no teu seio.
Por cima ou por baixo,
no braço ou no laço,
quero um beijo e um abraço.

*José Luiz Pires_1954-_Poemas inadequados_2012