164º Poema da Semana | 08mar2016

Aprendiz

Morrer,
morri umas quinze vezes.

E se ainda estou vivo
não é porque sou como os gatos.

Um campo de dores
farpado
se espalha após cada morte.

Mas tudo
é aprendizado:
o sol se levanta?,
volto a me levantar atrás dele.

Mesmo que haja falhas
química, elétricas
no corpo

sempre que morro
o motor volta a dar partida –

um ventilador renasce
lança brisa sobre o campo
enxuga as dores.

Às vezes
hélice ou asa
me leva para o alto de amores.

*Ruy Proença_1957-_Visão do térreo_2007