89º Poema da Semana | 03dez2013

Para uma Dama que muito se queixava
dos olhares procuradores do Poeta

Vamos supor que haja… Que houvesse
Maneira de no tempo retornar
E o curso vão dos erros detivesse
Fazendo a amor a rude flecha desviar.

Naquele momento fatal em minha prece
Esquecida por teus olhos ter de olhar
Como que avisado do perigo estivesse
Virei-me, e a fera seta vi passar.

Assim tomado de um frêmito em revolta
Sem saber do que fugira contemplei-te…
Ah, pobre Orfeu, mais tosco e triste…

A flecha ao mundo inteiro deu a volta
Cravou-se em meu costado… é inútil… ris-te?
Não há mais justa sina que me deite.

*Pedro Nuno Furtado_1968-_Quimera_1997