Lírica: a Dança da Língua

Para curso ou oficina de formação de leitores de poesia.

Lirica a danca da lingua

Introdução

Aristóteles (Poética) toma a poesia como imitação de ações humanas, baixas ou elevadas. Pensa em três gêneros: épica, tragédia e comédia. A lírica separa como problema menos poético que musical. Justamente o gênero que se tornaria central, há pelo menos dois séculos, à poesia ocidental; escolhido por poetas e por aqueles que formulariam as mais influentes teorias poéticas.

A lírica joga com a língua. Ela tira você para dançar com a linguagem usada na comunicação diária. É como se as pernas acostumadas a caminhar pegassem a sambar no meio da rua. A poesia entrega a língua ordinária ao sentido inusitado, ao movimento do ritmo. Estabilizar informações e fazê-las vibrar na língua são seus traços definidores e fortes. Daí Paul Valery (Poesia e Pensamento Abstrato) pintar, já no século XX, que a fala cotidiana está para a caminhada assim como a poesia está para a dança.

Às vezes mais às vezes menos paralelo ao cientifico e racional, textos literários costumam conformar um conhecimento assentado em nossas sensações físicas ou abstratas. Através deles, construímos vivências jamais vividas ou viramos espectadores de nós mesmos. Mas dentre todos os gêneros literários, a poesia lírica sobressai-se como aquele que realiza isso ao mesmo tempo em que coloca, necessariamente, no centro do palco a própria língua.

Tarefa

Em grupos de 5 participantes, desenhem uma mini-trajetória por dentro das possibilidades técnicas e interpretativas da poesia em língua portuguesa. Como veremos na seção seguinte, a idéia é desenvolver 3 habilidades na execução das etapas: 1) reconhecimento dos recursos da linguagem poética; 2) prática de criação e 3) prática de análise a partir deles. Ao final, tudo deve ser formatado num ensaio com cerca de 5 páginas.

Processo e Recursos

1ª. Etapa: Versificação Tradicional

A partir de uma das 2 referências bibliográficas abaixo, definam em no máximo 1 página o que é, em seu entendimento, versificação tradicional. Use exemplos, recorra a sua imaginação e a outras referências. Data limite: XX/XX/20XX.

Ali, Manoel Said. Versificação portuguesa. São Paulo: Edusp, 1999. On-line:http://books.google.com.br/books?id=tGNq9nb93_8C&printsec=frontcover&source=gbs_navlinks_s#v=onepage&q=&f=false Acesso em: 04/07/2010.

Bilac, Olavo; Passos, Guimaraens. Tratado de versificação. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1905. On-line: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/BT5531001.html#Segunda%27 Acesso em: 04/07/2010.

2ª. Etapa: Formas Fixas

A partir das 4 indicações de leitura abaixo comente, em no máximo 2 páginas, o que é trova e o que é soneto utilizando, sem falta, as composições realizadas em nossos encontros. Data limite: XX/XX/20XX.

Como Fazer Trovas. On-line: http://recantodasletras.uol.com.br/trovas/131960 Acesso em: 04/07/2010.

Martins, Wilson. “A Teoria e prática do soneto”, in Jornal de Poesia, 1997. On-line http://www.revista.agulha.nom.br/wilsonmartins020.html Acesso em: 04/07/2010.

Mattoso, Glauco. “Trova”, in O Sexo do verso: machismo e feminismo na regra da poesia. 2009. On-line: http://normattoso.sites.uol.com.br/trova.htm#1Acesso em: 04/07/2010.

Sítio de Soneto. On-line: http://www.sonetos.com.br/ Acesso em: 04/07/2010.

3ª. Etapa: Verso Livre

A partir de pelo menos 1 das 3 indicações abaixo comente, em no máximo 1 página, o que é verso livre utilizando, sem falta, os experimentos realizados nos encontros. Data limite: XX/XX/20XX.

Andrade, Mario de. “Prefácio Interessantíssimo”, in Poesias Completas. São Paulo: Círculo do Livro/Livraria Martins, 1983. On-line: http://www.orfeuspam.com.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Modernismo22/Mario_de_Andrade_Pref_Interessantissimo.htm 04/07/2010 Acesso em: 04/07/2010.

Eliot, T.S. “Reflections on Vers Libre”, in To Criticize the Critic. London: Faber&Faber, 1978. On-line: http://world.std.com/~raparker/exploring/tseliot/works/essays/reflections_on_vers_libre.html Acesso em: 04/07/2010.

Massaud, Moisés. “Verso livre”, in Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 12ª. ed., 2004. On-line: http://books.google.com.br/books?id=0Pn4qAZ-QyoC&pg=PA471&dq=%22verso+livre%22&lr=#v=onepage&q=%22verso%20livre%22&f=false Acesso em: 04/07/2010.

4ª. Etapa: Análise Temático-Transversal

Selecionem pelo menos 2 poemas de épocas, poetas e técnicas diferentes que versem sobre o mesmo assunto. Sugestão: cidades, o índio, a chuva, o corpo, criança, saudade, olhos, sol, trabalho, política, amor, pátria, natureza, etc. Proponham, em seguida, uma análise comparativa, de no mínimo 1 página, comentando aspectos formais e temáticos dos textos escolhidos. Abaixo 2 exemplos de análise transversais. Data limite: XX/XX/20XX.

Gagliardi, Caio. “Em Pleno Mar – à bordo dos navios de Castro Alves, Samuel Taylor Coleridge, J. M. William Turner e Gustave Doré”, in Crítica&Companhia, Campinas SP, 2005. On-line: http://www.criticaecompanhia.com/2Caio.htmAcesso em: 04/07/2010.

Marques, Pedro. “Lêdo Ivo: sorriso aos 80”, in Palavra-Le Monde Diplomatique. On-line: http://diplo.org.br/2008-03,a2306 Acesso em: 04/07/2010.

Oliveira, Andressa Cristina de. “A Presença do Mito de Salomé na Literatura Simbolista/Decadentista do Século XIX”, in Revista de Educação. Valinhos SP: Anhanguera Educacional, vol. 8, no. 8, 2005. On-line: http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/reduc/article/viewFile/187/183 Acesso em: 04/07/2010.

5ª. Etapa: Organização

Redação final do ensaio. O grupo organiza o texto com a estrutura: 1) Introdução; 2) Versificação Tradicional; 3) Formas Fixas; 4) Verso Livre; 5) Análise Temático-Transversal, 6) Considerações Finais e 7) Referências Bibliográficas. Em cada um destes 7 tópicos, deve constar o nome do organizador da seção. Data limite: XX/XX/20XX.

Avaliação

Monitoro e facilito o andamento que cada membro ou grupo imprime a este desafio de aprendizagem. A nota final (10,0) compõe-se de:

Avaliação do processo (80% da nota):

– Cada uma das quatro etapas iniciais é monitorada. Espera-se, portanto, que sejam desenvolvidas progressivamente, jamais de última hora e ao mesmo tempo;

– Valoriza-se o envolvimento do grupo, a capacidade de colocar e superar desafios, a qualidade das dúvidas, impasses e reflexões;

– Cada uma das quatro primeiras etapas vale 2,0 pontos cada.

Avaliação final (20% da nota):

– Avaliação da 5ª. etapa;

– Competência metodológica e normativa;

– Estabelecimento de conexões;

– Interpretação e diferenciação de objetos artístico-literários;

– Mobilização de novas informações.

Conclusão

Este WebQuest desafia você a se apropriar dos elementos e técnicas que constituem a lírica em língua portuguesa. Suas etapas e referências bibliográficas objetivam transformar todo esse instrumental em requisitos básicos para a leitura, análise e, por que não?, escrita de poemas, sejam eles metrificados, polimétricos ou em versos livres.

Momento de adentrar o país da poesia, conhecer seus rios e montanhas, ou seja, vislumbrar sua geografia de enormes possibilidades. Não contem com estas atividades, portanto, para tomar a poesia apenas como narrativa ou representação de determinado conteúdo, mas como linguagem específica, língua móvel a ser desvendada todo os dias de nossas vidas de leitores ou produtores de poesia.

Créditos & Referências

WebQuest de Pedro Marques adaptado ao modelo de Barnie Dodge (http://webquest.org/index-create.php).

 

Por Pedro Marques
21 set. 2010